A palavra não é o ser, mas é. O rio não fala, mas tem voz. O mar não é de água, mas nos lava. O discurso não é a imagem do cisne ao espelho, é o espelho, a bruma, o grito que se afoga nos canaviais, marulho de socorro, uma mão, um corpo que se torna barco, pasto de vermes, os olhos que nos vigiam de trás dos cortinados de matagal. É o espaço do truão, caixa de deus.
Partiste à cidade torreada, a dos toldos aos pórticos, a que não conhece o mar, nem os navios, nem os molhes.
Partiste e deixaste a cidade vazia de corsários.
Ouvistes a voz dos abismos? A voz das tílias?
Ah, sois vós e não eles os que falam. A noite não fala, nem os barrancos, nem as aves, nem tão só a palavra fala.
Já o diz o livro sagrado: Por que perguntas pelo meu nome se é segredo? Os homens azuis do deserto não conhecem o nome de Alá porque é segredo. Ninguém conhece o seu próprio nome.